Na segunda-feira
da festa da Santíssima Trindade, do ano de 1617, os padres João Baptista
Machado, jesuíta, natural da ilha Terceira (Açores) e Pedro da Ascensão,
franciscano, foram levados, para serem supliciados, para um lugar chamado Omura,
no Japão.
Tanto
um como outro levavam na mão o crucifixo e davam, à multidão que se aglutinava
nas bermas da estrada, e depois os seguia, um testemunho de fé e também da
alegria que os animava de serem mártires, de darem a vida por Jesus Cristo.
O Padre Ascensão
dizia ter pedido essa graça ao céu desde há muito; quanto ao Padre João Machado,
ele dizia desfrutar de três grandes dias na sua vida: o de ter ingressado na
Companhia de Jesus, o dia em que fora condenado e, agora aquele em que ia ser
martirizado por amor a Jesus. Mas estas palavras não eram ouvidas por todos os
assistentes, visto que os gritos e os choros dos cristão eram mais fortes e
cobriam as palavras do sacerdote.
Chegados ao local
do suplício, o Padre Ascensão, fazendo um gesto com a mão, pediu silêncio e fez
uma pregação sobre a tolerância. O seu discurso foi comovente mas curto, porque
os oficiais encarregados de cumprir a sentença começavam a impacientar-se. O
Padre João Machado, com a sua bonomia habitual, pediu-lhe que se cala-se e, o
franciscano, com uma humildade mais admirável ainda, calou-se e, depois de
abraçar o seu companheiro, ambos se ajoelharam ao lado um do outro e
corajosamente apresentaram o pescoço descoberto àqueles que os iam degolar.
A cabeça do
franciscano caiu ao primeiro golpe. Quanto à de João Baptista Machado, depois de
sofrer dois golpes sucessivos, continuou ligada ao corpo. Ele levantou-se,
cambaleando, voltou a ajoelhar-se e, um terceiro golpe foi necessário para o
imobilizar definitivamente.
Os cristãos que
assistiram ao martírio ― e que já
eram muito numerosos ―,
aproximaram-se dos corpos inertes e com muita devoção os recolheram para os
sepultarem religiosamente.
Muitos outros
cristãos, tanto japoneses como europeus, leigos e sacerdotes, iriam em breve
seguir o mesmo destino e sofrer o martírio pela fé em Jesus Cristo.
Mas, “o sangue
dos mártires é semente de cristãos!...”
VER:
http://alexandrina.balasar.free.fr
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